Preparamos esse post para explicar como os Espíritos se comunicaram com Allan Kardec para a codificação da Doutrina Espírita, na França, a partir da década de 1850. Você poderá verificar, em ordem cronológica, os meios de comunicação empregados.
1- Mesas
No século 19, um fenômeno impressionou a Europa, Estados Unidos e outras partes do mundo: as mesas girantes. Este fenômeno chamou a atenção de muitas pessoas, entre eles Rivail. Se produziu rodeado de circunstancias estranhas, tais como ruídos insólitos, pancadas sem nenhuma causa aparente. O movimento da mesa, no entanto, nem sempre era circular; muitas vezes era brusco e desordenado, sendo a mesa violentamente sacudida, derrubada, levada numa direção qualquer e, contrariamente a todas as leis da estática, erguia-se no ar e se mantinha suspensa sem nenhum suporte.
As primeiras manifestações inteligentes, através desse fenômeno, se produziram por meio de pancadas e estalidos que eram produzidos no interior da mesa, no qual um certo número de batidas respondia — sim ou não — a uma pergunta feita. Por serem muito limitadas essas respostas, surgiu a ideia de fazer com que a mesa indicasse as letras do alfabeto, através de um determinado número de batidas, e compusesse assim palavras e frases.
A precisão das respostas das mesas causou espanto, até mesmo aos mais céticos. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou ser um Espírito. Declinou informar o seu nome, mas prestou diversas informações a seu respeito. Há aqui uma circunstância muito importante que se deve assinalar. Até esse momento, ninguém tinha imaginado que eram os Espíritos que se comunicavam através das mesas; foi o próprio fenômeno que se revelou espontaneamente.
Um dos principais objetivos das mesas girantes no século 19 era chamar a atenção dos homens em relação à existência do mundo espiritual. Tanto que após atingir esse primeiro objetivo, esse fenômeno se interrompeu naturalmente. Além disso, esse método de comunicação era muito ineficaz. Demorava-se muito para a formação de frases. Para o alívio de Kardec, o mundo espiritual começou a utilizar outros métodos de comunicação mais eficientes para a revelação do Espiritismo, conforme detalharemos abaixo.
2- Cestas com Lápis
Os Espíritos se comunicaram com Kardec através desse novo método, no qual eles mesmo indicaram, aconselhando a adaptação de um lápis a uma cesta de vime. Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta era posta em movimento pela mesma potência oculta utilizada pelos Espíritos para moverem as mesas. Contudo, em vez de um simples movimento regular, o lápis por si mesmo formava palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas questões: filosofia, moral, metafísica, poesia, psicologia; com tanta rapidez como se tivesse sido escrito com a mão.
A cesta só podia ser posta em movimento sob a influência de certas pessoas, dotadas, para isso, de uma aptidão especial, as quais se designam pelo nome de médiuns, isto é, meios ou intermediários entre os Espíritos e os homens.
3- Espíritos se comunicam com Kardec através da Psicografia
Reconheceu-se mais tarde que a cesta não era, realmente, mais do que um apêndice da mão. E o médium, tomando diretamente o lápis, se pôs a escrever por um impulso involuntário e quase febril. Desta maneira, os Espíritos se comunicaram com Kardec de uma forma mais fácil, fluída e completa. Allan Kardec se utilizou de muitos médiuns psicógrafos para a elaboração dos livros que compõem a Doutrina Espírita. Entre esses médiuns haviam muitas mulheres e até mesmo jovens, como é o caso das irmãs Julie e Caroline Baudin, que possuíam 14 e 16 anos respectivamente quando começaram a cooperar com Kardec na codificação de O Livro dos Espíritos, que foi publicado em 1857.
Atualmente, a psicografia é o meio mais utilizado na comunicação com os espíritos. O número de pessoas dotadas dessa aptidão é considerável e cresce todos os dias. Existem muitas outras variedades de faculdades mediúnicas: as comunicações transmitidas pela palavra, audição, visão, tato, e até pela escrita direta dos Espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis.
A mediunidade foi um tema muito bem explorado em O Livro dos Médiuns, de autoria de Allan Kardec, publicado em 1861.
Esperamos que vocês tenham gostado de saber mais sobre os meios de comunicação que os Espíritos se utilizaram para transmitir a Allan Kardec as mensagens que compuseram a codificação do Espiritismo. Caso você queira entender mais sobre a doutrina, confira aqui o post que preparamos sobre as 8 curiosidades sobre o Espiritismo.
Fontes:
Federação Espírita Brasileira (FEB)
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec.
Kardec: A Biografia, Marcel Couto Maior